Gothic Metal
O Gothic Metal, também conhecido como Goth Metal ou Metal Gótico caracteriza-se por seu clima melancólico
e um enfoque sombrio em temas como religião, sexualidade e morte. A maioria das bandas do gênero utilizam elementos da Música
erudita como coros e orquestras (produzidos, na maioria das vezes, por sintetizadores). Vocais líricos também são utilizados.
Características do estilo
Raízes Musicais
Já faz parte do senso comum a idéia de que o Gothic Metal é uma extrapolação do Doom / Death Metal europeu (não é o caso
dos americanos). É também bastante divulgada a influência de bandas de Rock gótico, sendo o The Sisters of Mercy e o Fields
of the Nephilim as mais citadas. O que às vezes passa batido é a enorme impacto que o roster da gravadora 4AD teve sobre o
gênero. Lar dos sombrios The Birthday Party, Bauhaus e Lydia Lunch, o selo também é responsável pela discografia do Dead Can
Dance, citado como influência por 9 entre 10 bandas do estilo. Vejam algumas das que mencionam o Dead Can Dance: Paradise
Lost, Anathema, My Dying Bride, Type O Negative, The Gathering, Tiamat, Moonspell, Katatonia...
Características Estilísticas
O Goth Metal é considerado um gênero musical bastante amplo gerando diversas discussões sobre o que é necessário para uma
banda ser considerada do estilo Gothic Metal. Alguns pontos comuns entre estas bandas podem ser citados abaixo:
Os violões estão presentes em diversas canções de bandas de gothic metal, principalmente nas bandas que possuem dois guitarristas.
A afinação dos instrumentos de corda tende a ser mais grave que o normal (E); variam entre D (Tiamat), C# (My Dying Bride,
Katatonia, Paradise Lost) ou B (Type O Negative, Anathema). O Drop D às vezes é explorado (Type O Negative).
Os teclados
tem um papel de destaque neste estilo, muitas vezes substituíndo uma das guitarras. Os teclados são também utilizados para
simular outros instrumentos em sua maioria de sopro ou de cordas. Os teclados tendem a auxiliar o baixo na criação da atmosfera
e clima das canções.
Os vocais podem ser feitos por um vocal tanto masculino quanto feminino, ou mesmo ambos. Os vocais
masculinos podem ser tanto de um tenor ou barítono quanto guturais. Já os vocais femininos tendem a ser agudos e operísticos
(geralmente soprano), por vezes cantados em um tom regular com vários efeitos de reverberação. Nos backing vocals temos a
utilização de coros e de canto gregoriano.
A atmosfera das canções de Gothic Metal é sombria, porém sem a lentidão do
Doom metal ou a virtuose do symphonic metal e do power metal (estilos musicais às vezes associados ao Gothic Metal, por causa
de bandas como Nightwish e Within Temptation).
Além da sua cadência sombria, a característica mais marcante do Goth metal
é sua natureza "progressista". De Fado (Moonspell), Trip Hop (My Dying Bride) à Rock alternativo (Katatonia), os grupos de
Gothic metal sempre estiveram dispostos a quebrar as barreiras do metal underground.
Temática
As letras do Gothic Metal abordam geralmente religião, horror, romances e histórias de fantasia que terminam em tragédia
para as partes envolvidas. O cenário destas histórias é geralmente medieval ou New Age, mas muitos também se passam na era
vitoriana, era romana ou na era moderna. Estas características são notadas em diversas bandas de Gothic Metal porém não são
um pré-requisito.
É comum ver álbuns conceituais de Gothic Metal, onde as músicas do álbum são relacionadas de forma a contar uma única história
como capítulos de um livro. Isto inspira os fãs a ouvirem o álbum por completo em vez de apenas algumas canções. Os álbuns
Seclusion da banda Penumbra e Sufferion - Hamartia of Prudence da banda Silentium são alguns exemplos de álbuns conceituais
de gothic metal.
Precursores
Os primórdios do Gothic Metal já podem ser vistos em três bandas dos anos 1980.
Christian Death
O gênero Death rock, através de bandas como Christian Death teve grande influência no que seria futuramente o Gothic Metal,
mas esta influência parece vir dos últimos trabalhos da banda com Valor Kand, que considerava o estilo da banda como um tipo
de Heavy metal diferentemente da formação original da banda com Rozz Williams, época na qual a banda possuia grande influencia
do Punk rock e Glam rock.
Apesar do Christian Death nunca ter negado suas raízes Hard rock - especificamente o Black Sabbath e Alice Cooper -, com
a saída de Rozz Williams a banda tendeu visivelmente ao Heavy metal. Um exemplo disso é Born in a Womb, Died in a Tomb, faixa
de abertura do álbum "All the Hate" (1989); essa música têm alguns elementos bem explícitos doThrash metal.
Samhain
Temos também o caso Glenn Danzig, então ex-vocalista do The Misfits. Danzig continuou sua empreitada musical montando o
Samhain, que aproximava o Horror Punk de sua ex-banda com o Heavy metal. O Gothic metal também pode ser visto aqui em suas
formas embriônicas, apesar do Samhain exibir um humor macabro discrepante com a "seriedade" dos seus equivalentes europeus.
Celtic Frost
Os suiços do Celtic Frost foram de fundamental importância para o desenvolvimento do Goth Metal europeu. O grupo é uma
influência assumida do Anathema, My Dying Bride e Paradise Lost, o trio inglês que deu o inprint musical para o estilo.
O Celtic Frost foi um grande pioneiro dentro do Metal extremo, porque:
Eles não tinham a mesma obsessão por velocidade que era característica de seus contemporâneos (Slayer, p. ex.). Preferiam
compor músicas mais lentas, que pudessem exibir mais variedade.
O grupo usava freqüentemente elementos de Música erudita
nas suas composições: vocais em falsete, tímpanos e metais.
A banda fazia experimentos com a Música ambiente. Dois exemplos:
"Danse Macabre", do EP Morbid Tales (1984) e "Tears in a Prophet’s Dream", do álbum To Mega Therion (1985).
Tom
Warrior (vocalista e guitarrista) foi um dos primeiros – senão o primeiro – a intercalar vocais “brutais”
com uma voz "gótica", mais suave (porém sombria). A faixa "Mesmerized" do Into the Pandemonium (1987) é um exemplo vivo disso
História do Gothic Metal
O Gothic Metal surgiu no início da década de 1990, na Europa e nos Estados Unidos.
Estados Unidos
Nos EUA o estilo foi capitaneado pelo Danzig, Shadow Project (a então nova banda de Rozz Williams) e o Type O Negative
(à partir do Bloody Kisses). O Christian Death segue logo depois, assumindo definitivamente a influência do Heavy metal com
três dos melhores álbums de sua carreira: Sexy Death God (1994), Prophecies (1996) e Pornographic Messiah (1998).
Mesmo tendo o mérito de aparecer ligeiramente antes dos grupos europeus de Goth metal, os representantes do estilo nos
EUA tem uma grande desvantagem: eles nunca fizeram parte de uma "cena" coesa, tendo pouco ou nenhum contato entre si (com
exceção das brigas entre o Christian Death pós-Williams e o Shadow Project).
Europa
Na Inglaterra o trio do Northern Doom escreveu as regras do jogo. O passo inicial foi dado pelo Paradise Lost, com o paradigmático
Gothic (1991). Ainda com a sonoridade Doom / Death Metal do primeiro disco (Lost Paradise, 1990), a banda no entanto se aventura
bem além dos limites estreitos do metal extremo da época. Assim como o Celtic Frost o Paradise Lost incorpora vocais “líricos”,
tímpanos e arranjos orquestrais (emitidos através de um sintetizador). Ele também cria dois elementos que compoem a formula
básica do Gothic Metal:
Uma guitarra "base" fazendo power chords enquanto uma outra faz fraseados "melódicos" repetitivos, nas cordas mais agudas;
As guitarras tocando riffs num intervalo (música) de 5º ou 6º nas cordas mais graves.
Depois de Gothic explodiram
bandas de Doom / Death Metal pela Europa inteira, entre 1992-1994. Muitas delas iriam mais tarde fazer parte da 2º geração
do Goth Metal: Anathema, Amorphis, Katatonia, Crematory, Cemetery e Theatre of Tragedy, entre outros. Algumas chegaram nesse
mesmo caminho independente do Paradise Lost, como foi o caso do Tiamat e o My Dying Bride.
Os Primeiros Discos de Gothic Metal
O primeiro disco de Gothic Metal - apesar do termo ainda não ter sido cunhado - foi Icon (1993), do Paradise Lost. A banda
simplificou suas músicas e se livrou dos riffs de Death metal e dos andamentos lúgubres do Doom metal. Nick Holmes também
substituiu o seu vocal gutural por um timbre de voz bem parecido com o de James Hetfield (Metallica).
No mesmo ano é lançado Serenades do Anathema. Apesar de musicalmente situado dentro do Doom / Death Metal, o álbum tinha
"Sleepless", um meio termo entre The Cure e Metallica que viria a ser, diretamente ou indiretamente, um modelo a ser seguido
no emergente Gothic Metal.
Por último temos o Wildhoney (1994), do Tiamat. Considerado inclassificável quando lançado (não parecia com nada do underground
metállico da época), o disco criou um novo precedente no mundo do Heavy metal. Wildhoney juntou mundos díspares - Slayer com
Pink Floyd, p. ex. - e acabou sendo um dos álbums que definiu o Gothic metal. Seu clima melancólico, seus experimentalismos
floydianos e alternância de Edlund entre seu vocal gutural e seu vocal mais "cantado" ainda servem de referência até hoje
para muitas bandas de Gothic Metal.
Ascensão Comercial
Type O Negative
O primeiro "disco de sucesso" do gênero foi o Bloody Kisses (1993), do Type O Negative. O disco em questão tinha uma versatilidade
e apelo "pop" muito superior ao dos seus contemporâneos europeus; Bloody Kisses conseguia mesclar de forma coerente Punk Hardcore
("Kill All the White People"), Industrial (as várias vinhetas do disco) e Pop psicodélico ("Set Me On Fire", "Can't Lose You").
O Bloody Kisses deu várias regalias à banda: uma participação no tributo ao Black Sabbath (Nativity In Black), turnês ao lado
do Nine Inch Nails, Danzig e Tiamat e também o privilégio de participar da trilha do filme Mortal Combat, um disco de platina
nos EUA.
Cabe dizer que até hoje já foram vendidas mais de um milhão de cópias de Bloody Kisses só nos Estados Unidos. A banda também
conseguiu um disco de ouro por October Rust (1996)
Danzig
A banda atual do "Elvis Negro" conseguiu um hit com o clip de uma versão ao vivo de "Mother", do EP Thrall / Demonsweatlive
(1993). O resultado foi o primeiro disco da banda (Danzig, 1988) - que tinha a versão original da música - alcançar o status
de disco de ouro.
Paradise Lost
O Bloody Kisses europeu foi Draconian Times (1995), do Paradise Lost. Nesse época a banda já tinha conseguido vender mundialmente
1 milhão discos, um marco na história do metal underground só alcançado depois pelo Cradle of Filth e Cannibal Corpse. Dez
anos depois, o Paradise Lost conseguiu dobrar essa marca - mesmo sem nunca ter conseguido um só disco de ouro ou platina.
A Nova Geração do Gothic Metal
Nos meados de 2000, quando o Gothic Metal parecia estagnar, surgem o Evanescence e o Lacuna Coil trazendo novos dividendos
ao gênero. Segundo o site da Billboard os italianos do Lacuna Coil conseguiram vender mais de 200,000 cópias do seu disco
Comalies (2002) nos Estados Unidos - um feito inédito na história da sua gravadora, a Century Media Records. A banda também
conseguiu vender 500,000 cópias ao redor do mundo, segundo o site oficial de sua gravadora.
Mas o grosso das vendas vem da americana Evanescence. Segundo os cálculos da RIAA (Recording Industry Association of America)
a banda vendeu, só nos EUA, 6 milhões de cópias. O problema aqui é se de fato o Evanescence seria realmente Gothic Metal mas
não simplesmente uma versão com vocal feminino do Linkin Park. Essa leitura musical do Evanescence é reforçada por vários
fatores:
O refrão do maior hit da banda, "Bring me To Life", parece com um típico refrão do Linkin Park: um progressão simples de
power chords em afinação grave, com alternância entre vocais "melódicos" e "rapeados" e um fundo rítmico onde a bateria faz
um groove "pesado", bem "metálico".
Tão parecido é esse refrão com os do Linkin Park que até os vocais "rapeados" feitos
por Paul McCoy são praticamente idênticos aos de Mike Shinoda, tanto no timbre quanto no ritmo em que são falados / cantados.
(Há inclusive rumores inclusive que o mesmo foi chamado pra participar justamente nessa faixa).
O próprio ex-guitarrista
da banda, Ben Moody, disse numa entrevista à MTV que o Evanescence eram uma banda Nu metal com uma "pegada" gótica.
Enquanto
a maioria das bandas de Gothic Metal tentam dar temáticas mais "adultas" para suas composições, o Evanescence se utiliza de
temas típicos que marcam a maioria das letras das bandas de New Metal.
Quanto ao resto do álbum Fallen gera controversas
devido a faixas como Haunted e Whisper, as quais, se assemelham ao gothic metal.
Rixa dos Góticos com o Gothic Metal
O Metal Gótico atraiu muitos neófitos para a cena gótica. Entretanto, ele foi também alvo de críticas por veteranos dessa
mesma cena. A maior pendenga dos "velhos Góticos" com o Gothic Metal é justamente sua raíz Metal. O Metal é considerado por
eles um estilo machista e misógeno. Além do mais, sua ênfase em guitarras "pesadas" e temáticas agressivas não condiz com
a "alma feminina" do gótico.
Por essas e outras razões, discursos como "não existe gothic metal" já estão se tornando comuns. O Gothic Metal de fato
existe, levando-nos a refletir se a origem do problema é realmente uma taxonomia musical.
O problema real aqui parece ser um impulso de diferenciação, onde os "verdadeiros" Góticos temem por seu estilo de vida
ser "engolido" e re-definido pelos numerosos fãs de Gothic Metal.
Principais bandas de gothic metal
No mundo
After Forever (Holanda) - até o álbum Prison of Desire
Anathema (Reino Unido) - á partir do álbum "Eternity" a banda
virou Doom/Death Metal
Asrai (Holanda)
Charon (Finlândia)
Crematory (Alemanha)
Dreams of Sanity
Danzig
(Estados Unidos)
Entwine (Finlândia)
Epica(holanda)
Killing Miranda (Reino Unido)
Lacrimas Profundere - (Alemanha)
Lacuna Coil - (Itália)
Lake of Tears (Suécia)
Moonspell (Portugal) - o primeiro álbum da banda é Black metal.
More (Itália)
My Dying Bride (Reino Unido) - fase que foi de 1995 à 1998.
Nephilim (Reino Unido)
Nightwish
(Finlandia) - Alguns o rotulam como Power Goth Metal
Paradise Lost (Reino Unido) - os três primeiros álbums são Doom /
Death metal.
Pist* On (Estados Unidos)
Penumbra (França)
Saviour Machine (Estados Unidos)
Seraphim (Taiwan)
Shadow Project (Estados Unidos)
Silent Stream Of Godless Elegy (República Tcheca)
Sirenia (Noruega)
Sundown
(Suécia) - primeiro disco, Design 19 (1997).
The Missing (Estados Unidos)
The Sins of Thy Beloved - (Noruega)
Theatre
of Tragedy (Noruega) -
Theatres des Vampires(Italia)
Tiamat (Suécia) - o primeiro disco é um Death metal "a lá Estocolmo"
(Entombed, Dismember, Unleashed).
Trail of Tears (Noruega) - BNR
Tristania (Noruega) - Site Oficial
Type O Negative
(Estados Unidos) - o primeiro disco (Slow, Deep & Hard) está mais pra Crossover.
Velvetcut (Finlândia)
Within
Temptation (Holanda) - Alguns rotulam a banda como symphonic metal.
Without Face (Hungria)
No Brasil
Silent Cry
Volúpia di Baco
Hermit Age